style="width: 100%;" data-filename="retriever">
Iniciado o chamado período da propaganda eleitoral, mais uma vez estamos assistindo à velha prática de tentativa de convencimento dos eleitores a qualquer custo. Para isso, vale qualquer argumento, inclusive com estratégias que, examinadas sob o ponto de vista político, não se imaginaria pudessem fazer parte do contexto eleitoral. Aos menos avisados, lembro que em todas as eleições se repetem os mesmos costumes: ficam excluídas as teses de como haverá a prestação do serviço público por cada um dos candidatos. Isso parece que não tem a mínima importância. O que interessa é a utilização de subterfúgios capazes de cooptar votos de maneira mais fácil e imediata e que não comprometa em nada o eleito. Como se imaginar, por exemplo, que as pessoas adotem nomes diversos dos seus, registrando na Justiça Eleitoral suas candidaturas com a denominação de Lula, Bolsonaro, Moro, etc.
Embora para alguns especialistas, a estratégia de usar nome de político conhecido não garanta vitória nas urnas, o fato é que, ao todo, 82 candidatos usam o sobrenome Bolsonaro, 76 com o registro de Lula e um menor número adotou Moro para concorrer. Esses números foram encontrados até o momento em que o levantamento foi feito. Podem surgir mais.
Se se utilizam dessa estratégia e o fazem em todas as eleições, é porque algum resultado é alcançado, ou pelo menos eles imaginam que se trata de uma boa estratégia que pode resultar bons frutos, digo, votos. A isso se somam outros costumes repetidos a cada eleição. Os candidatos carregam todas as suas baterias para encontrar mazelas em seus adversários que possam prejudicá-los e fazer com que percam votos e, em muitos casos, surtem efeitos com candidaturas aniquiladas com nomes as vezes excluídos da política. Muitas dessas mazelas provocadas sequer são verdadeiras; visam apenas atingir candidatos que ficam sem defesa ou com o tempo reduzido para isso.
Nos debates promovidos pela imprensa isso fica mais evidente. Esquecem completamente a discussão de ideias e se voltam para as questões pessoais, sem nenhuma relevância com o que se espera de alguém que possa nos representar. E o pior. Esse não é um fenômeno brasileiro. Na maior democracia do mundo, para alguns, as eleições presidenciais deste ano estão revelando a mesma prática. No debate havido entre o presidente Donald Trump e Joe Biden, houve xingamentos, troca de insultos e até a referência de que Joe tem um filho com dependência química. Logo no começo do debate, o mediador Chris Wallace teve trabalho para conter os ânimos entre Trump e Biden. O bate e rebate, com inúmeras interrupções e ofensas durante a cerca de uma hora e meia de debate, causou repercussão e diversos memes nas redes. O resultado é quem vai tirar melhor proveito disso lá nos Estados Unidos, ainda não se sabe.
No Brasil, porém, parece que essa prática de esquecer o centro do debate e priorizar os ataques pessoais, inclusive com mentiras e distorções da verdade, aproveitam mais a quem se utiliza desse expediente baixo. Quando chegará o dia em que os políticos serão honestos, inclusive para convencer o eleitor. Estamos longe disso, até porque se alguém disser o que pretende o como fazê-lo, fazendo depois de eleito, não se elegerá. Parece que o eleitor, e toda a sociedade, não consegue conviver com a honestidade.